Estatinas e mortalidade cardiovascular: um risco silencioso
Estudo | Um Risco Silencioso
Um estudo ecológico interessante foi publicado em 2016 no Brithish Medical Journal relacionamento uso de estatinas e mortalidade cardiovascular.
O estudo ocorreu em países europeus e acompanhou a evolução da prescrição e venda de estatinas (drogas que reduzem o colesterol) com mortalidade por doença cardiovascular no período de 2000 a 2012. Os resultados foram interessantes.
Resultados | Um Risco Silencioso
Houve uma grande discrepância nos resultados encontrados. Em média os países avaliados nesse estudo tiveram redução média de 40% na mortalidade por doença cardiovascular e um aumento de 400% na venda de estatinas. O interessante é que alguns países essa associação foi comprovada (aumento de uso de estatinas e redução de mortalidade) enquanto em outros o efeito não foi tão evidente (apesar do aumento no uso de estatinas, as mesmas não foram relacionadas a redução de mortalidade cardiovascular na mesma proporção).
Conclusão | Um Risco Silencioso
Os autores concluem que o aumento do uso de estatinas não correspondeu a redução de mortalidade cardiovascular, o que indica que muitas vezes a indicação das estatinas pode estar ocorrendo para populações consideradas de baixo risco cardiovascular, que não vão ter efetivamente benefício algum com a terapia. O estudo indica que fatores não associados ao risco individual para doença coronariana, como programas governamentais de saúde, guidelines, publicidade e marketing da indústria farmacêutica podem estar guiando esse aumento da prescrição.
Destaques
Apesar do modelo de estudo não ser o ideal para avaliar causa e consequência (em virtude de ser um estudo ecológico tem suas limitações, já que muitas vezes não é possível atribuir um determinado efeito ao nível de indivíduo) é um trabalho interessante na medida que demonstra que nem sempre as condutas farmacológicas aplicadas refletem o que realmente seria indicado para cada paciente.
O estudo destaca ainda o foco necessário em mudanças de estilo de vida como sendo as medidas de maior impacto e efetividade na mortalidade por doença cardiovascular.
Referência
Fonte: BMJ, 2016
Time trends in statin utilisation and coronary mortality in Western European countries
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